Porque NÃO?

Porque NÃO?
Eu sofro porque sou vencedor…
E TU?
Pobre vencido e bruto!
Será que é para isto?
É por Cristo que luto?
És um fraco.
Levanta-te como um Homem.
(Quem afinal devias ser)
E vem para a luta!
Luta comigo até eu morrer.
Porque tu perdes mas não morres.
Recebe mais um murro como um beijo a receber.
Será que é por ti que todos morrem?
Óh Deus!!!
Vem a meus pés, porque eu caí.
Desce dessa poltrona de céu e vê como eu vivo por ti.
Estás com medo, ó Morto-Vivo?
Ajoelha-te Golias, porque eu sou David.
Não chores! Tu nem Homem és! Não podes!
Se o Homem não chora, um Deus muito menos.
Se curas enfermos, levanta-te porque caí.
Se não vês a dor eu mostro-te:
Vê: Está aqui!
Já agora, sofre como eu sofri.
E EU?
Perguntas se eu choro?
Oh Deus , eu sou um Homem!
Mas tu NÃO!
È por isso que digo:
Chorar de coração em coração…
Porque NÃO?
Chora porque faz bem.
Se chorares és meu irmão.
Chora, chora por ti e por alguém.
Se o fizeres, chora por mim então.

Manuel Rebelo

04/03/06




NOTA: Este poeta reapareceu meses depois de “Eu confesso”, no entanto são óbvias as características que ligam estes dois poemas. Ricardo Meyrelles, o anormal, finalmente conseguiu identificar o novo poeta na perfeição e chamou-o de Manuel Rebelo com clarividência, pois antes não o soubera identificar e por vezes por engano assinava os poemas com o nome de Abel Carvalho. Com o poema “Porque NÃO” – o NÃO deve ser mantido em maiúsculas, nasce definitivamente Manuel Rebelo.
De notar ainda que Manuel Rebelo “nasce” de outro poeta já existente em Ricardo Meyrelles- o Abel Carvalho.Pode-se dizer que Rebelo é o “negativo” e Abel Carvalho o “original”. O conflito entre eles em Ricardo Meyrelles é indiscutível. De acrescentar ainda que Rebelo é o mais inteligente de todos ultrapassando mesmo Carlos Noet, isso é evidente na forma clara como raciocina e na tendência natural de ser frio. Espero que fique explícito também que falar de Ricardo Meyrelles é diferente de falar de Ricardo Meireles. A relação entre estas duas personagens é clara. Ricardo Meireles é o que está a escrever neste momento este texto, o outro está ainda sob a forma de potência. Ele apesar de tudo tem bastante orgulho em Ricardo Meyrelles. Se não fosse este último Meireles- o próprio, não passava de um menino ingénuo e ignorante remetido para a mediocridade, criado na pacata aldeia de Frazão (tornada Vila entretanto). Pode-se então dizer que Ricardo Meyrelles e Ricardo Meireles são duas pessoas completamente distintas apesar de serem a mesma pessoa. Pode-se dizer também que Meyrelles é o que escreve, canta e desenha, é portanto o artista e por outro lado, Meireles é o que vive ou tenta viver.