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terça-feira, abril 25, 2006

A ÚLTIMA CARTA

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Há uma eternidade que não escrevo. Sim, escrevi uma coisa ali outra acolá, agora assim uma coisa mais extensa, aquilo a que os doutores da nossa língua declaram como sendo um texto em prosa, não. Os versos na realidade já não me preenchem totalmente, aliás estou farto dessa porcaria de sonetos, quadras, versos, rimas e métricas estúpidas. Definitivamente não tenho jeitinho nenhum para esses puzzles de palavras. Este Post vai ser um Post de transição. Há um ano (fez em Março), que escrevo para esta folha electrónica que não responde nem sente as minhas palavras. Sinto-me muito orgulhoso desta imundície de Blog que é uma perda de tempo imensa no já pouco tempo que me resta de vida e que só serve para encravar mais o computador. Sei que não é habitual este registo de língua, mas fique-se sabendo que quem está escrever é o Meireles (sim, o próprio). E o Meireles é sempre duro nas suas críticas e extremamente irreverente com o mundo e consigo próprio.
E esse Meireles ou lá o que é, é um verdadeiro … enfim, um verdadeiro doido que um dia há de morrer suicidado no seu quarto ou até nas casas de banho da sua casa devido a uma esquizofrenia qualquer, talvez uma daquelas que aparecem entre a idade da adolescência e a fase adulta. Aliás, essa pessoa que mais parece de outro mundo já tem sangue esquizofrénico na sua família, não seria portanto nenhuma novidade. Isto de ficar a ler livros, enciclopédias, às vezes dicionários até às tantas, não há de dar muita saúde a ninguém. “Tu pensas demais e ficas com o cérebro negro à noite” Disse-lhe uma bruxa. Depois há uma coisa, será normal escrever textos deste género? Deus se me fez, fez-me torto, ou terá dado caminho retorcido para eu trilhar sendo eu perfeito? Bem, não posso responder. Uma pessoa nunca sabe muito bem quem é, nem por onde anda.
O mal disto tudo foi no verão do ano passado. Nas férias grandes, queria escrever um livro sobre um esquizofrénico e tal e coisa… O pior foi que quando estudei a doença descobri que a tinha. Fiquei super intrigado porque identifiquei-me com o conteúdo daquelas fotocópias. Por enquanto não tomo nada e isso é bom. Também não digo à minha família por razões óbvias. “Mãe, sou louco!” não é coisa que se diga a uma mãe. Não é que ela não tenha uma ligeira consciência que eu não regule muito bem da cabeça. Mas eu gosto de ser assim, afinal de contas ainda não cheguei a cortar as minhas orelhas como Van Gogh cortou a dele, talvez só pelo facto da cabeleireira que eu frequento me ter elogiado a perfeição dos seus lóbulos depois de me cantar uma música dos Keane ao ouvido que passava na rádio. È que isto de ser tolo não é para todos.
Acho que isto é uma carta de suicídio como a que Kurt Cobain escreveu quando nos deixou, só que mais longa porque não tenho assim tanta pressa de morrer. Ainda quero criticar um aspecto desta dura vida.
Porque a igreja condena o suicídio e não condena os contínuos assassínios de Deus que são muitas vezes mais violentos? Porque é que uma pessoa tem de morrer pelas armas de Deus? Se Deus controla tudo e eu tenho vontade de me matar foi porque Deus me concedeu essa vontade, logo foi Deus que me matou, portanto não é nenhum suicídio. Por outro lado se somos nós que controlar-mos tudo significa que só existem suicídios, pois somos nós que nos autodestruímos.
Eu tanto amo a morte como a vida, já provei as duas e portanto sei do que se trata. Perguntam-me como eu sei? Pensem… Antes de eu nascer era morto e digo mais gostava muito de o ser. Não percebo porque toda a gente se interroga sobre a morte quando já toda a gente passou por ela, há coisas que em pleno século XXI custam a acreditar.
Estou farto deste circo, desta farsa, destas personagens. Quero voltar para o meu mundo. O mundo a que pertenço e de que nunca deveria ter saído. Um mundo moldável que me é querido e que me obedece, não este em que tenho de obedecer. Não faço falta, sou uma sombra fútil chamada gente. Correrá tudo sem mim. Só há transformação de matéria, nada mais. Ou não é verdade? O mundo não parará, quando Cristo morreu ele também não parou e continuou a girar em torno do Sol.
Fernando Pessoa tem razão talvez seja pior para outros se existir do que se me matar. Pouco me chorarão. Tudo passará à normalidade pouco a pouco. Depois só sou lembrado em duas datas. Quando faço anos que nasci e quando faço anos que morri. Mais nada. Absolutamente nada. Duas vezes em trezentos e sessenta e cinco dias pensam em mim, isto se se lembrarem. Uma pessoa fica reduzida então depois da morte de cem para menos de zero virgula cinco por cento. Que até aqui a matemática não engana. Arredondado às unidades dá mesmo zero. E zero como toda a gente sabe é nada. Absolutamente NADA.
Sou um pobre vaidade de carne e osso chamado Homem que não vejo que não tenho importância absolutamente nenhuma. Por isso:

UM DE MIM VAI MORRER AMANHA…

Vou atirar à sorte para que seja o destino a escolher. São alguns os candidatos: o Manuel Rebelo, o Abel Carvalho, o Carlos Noet, Meyrelles ou até mesmo o Meireles isto é, eu, em carne e osso e que num determinado espaço de tempo escrevi estas palavras. Estou mesmo farto disto. Dezoito anos já são muita coisa, há ainda quem tenha mais azar. Mas eu não mereço.
Morro mais pela injustiça. Não é justo uma pessoa ter mais que outra, da mesma forma que não é justo uma pessoa amar mais que outra ou até mesmo viver num mundo quando outras vivem noutro completamente diferente. Quando o Homem colocar toda a sociedade no mesmo mundo, eu volto. Prometo. Cumpro sempre o que prometo.

Com saudades de quem deixo e que me amaram enquanto eu vivi.
ADEUS...
Meireles
25/04/06

segunda-feira, abril 17, 2006

OLHEI BEM LÁ NO FUNDO

Olhei bem lá no fundo,
E fitei os movimentos,
Só vive aqui no mundo,
Quem mistura sentimentos.

Rasguei o duro azar,
Que me tem enfeitiçado,
Consegui voltar a amar,
Depois do amor roubado.

Calei-me, sofri,
Senti a pedra fria,
À espera de ti,
Ou de alguém que me queria.

Pintaste o firmamento,
Exactamente como o querias,
Lembraste o casamento,
E o sonhaste como o vias.

Contaste segredos,
Que eu já sabia,
Disseste verdades,
Que eram mentira.

Mas eu fiquei,
À espera da verdade
À espera de novos segredos,
Pois jurei-te lealdade pelo anel entre os dedos.

Abel Carvalho

2005

VIDA PARA QUE TE QUERO

Vida para que te quero,
Eu não preciso de ti,
Morte é o que eu espero,
Da vida que já sofri.

Quando eu era pequeno,
Pecava sem saber,
Agora sou veneno,
Que ninguem pode beber.

Não sou o que pareço,
Nem sou quem quero ser,
Não sei a quem pertenço,
Ou se vou chegar a ser.

Sinto o final perto,
E o princípio a começar,
O destino é sempre incerto,
Pouco me resta senão rezar.

Rebelo

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